Baseado nos princípios de que a exploração da mulher e a da natureza são dois lados de uma mesma moeda, isso é, produto de um mesmo sistema político-econômico em que o homem é identificado com a cultura e a mulher, com a natureza; o ecofeminismo parte dessa comparação para apontar a origem da hierarquia nas relações sociais.
Tudo começou com a francesa Françoise d´Eaubonne, em 1974, unindo simbolicamente feminismo, meioambiente e pacifismo – e esse terceiro elemento marcou a atuação das feministas na defesa das questões ambientais; inicialmente em protesto contra as usinas nucleares e, mais tarde, no Movimento Chipko, quando indianas resolveram abraçar as árvores em torno de suas aldeias para evitar que fossem derrubadas.
O movimento é recente. Firmou-se como corrente dentro do feminismo apenas em 1992, na Conferência da ONU no Rio de Janeiro, e sofreu influência de Gandhi e da Teologia da Libertação. Hoje se divide em duas tendências, além dessa clássica: a construtivista e a espiritualista. A primeira justifica a relação entre mulheres e natureza por meio da similaridade na responsabilidade pela criação e manutenção da Vida. Já a tendência espiritualista, busca na cosmologia a ligação entre as mulheres e a natureza, caracterizando-se também pela postura mais crítica contra todas as formas de dominação.
Não precisamos ser nem feministas nem ambientalistas para levar a corrente ecofeminista em consideração. Independentemente das crenças e das bandeiras, ela traz uma união de causas que prova por si mesma o diferencial feminino na percepção da realidade e busca de soluções. Afinal um dos valores que defendem como atributo-feminino-faltante-na-sociedade é a visão integrada das questões sociais.
Exemplo disso é o fato de que três pontos da ideia ecofeminista já fazem parte hoje de qualquer discurso politicamente correto: é preciso alcançar a igualdade de gênero; a sociedade precisa de mais valores de cooperação; políticas públicas precisam integrar áreas do conhecimento se quiserem ser efetivas. As ecofeministas descobriram que essas necessidades têm mesma origem e a solução de uma, portanto, precisa passar pelas outras. Se alguém esperava das mulheres a paixão por plantinhas, surpresa: a conclusão do incluir à sociedade para equilibrar o ambiente é bem lógica.