terça-feira, 9 de março de 2010

Consumir igual louco não é mais a onda


Consumo consciente ainda é pequeno, mas vai crescer no Brasil


O comportamento do consumidor no Brasil vem mudando quando o assunto é sustentabilidade. De acordo com o dossiê elaborado pelo portal UnoMarketing em parceria com a consultoria MobConsult e com a revista Ideia Socioambiental, dois em cada 10 brasileiros já levam em consideração o compromisso socioambiental da empresa antes de colocar um determinado produto no carrinho.


O nível de engajamento ainda é pequeno se comparado a consumidores dos Estados Unidos e dos países da Europa, mas a mudança de hábito indica que esses números só tendem a aumentar, principalmente com a utilização de novas tecnologias. A pesquisa constatou que nos últimos 10 anos os consumidores brasileiros têm estado mais atentos e críticos em relação às atitudes tomadas pelas empresas.


Além disso, eles têm expectativas positivas com relação às empresas que estão 20% acima da média mundial e uma avaliação negativa que está três pontos acima da média de outros países. Há uma desconfiança maior quanto às informações passadas pelo varejo em geral e, de certa forma, essa atitude está atrapalhando a expansão do consumo consciente no país.


“A verdade é que o brasileiro põe muita expectativa nas ações das empresas e, ao ver que muitas vezes elas são apenas retórica, ele fica decepcionado. Há um gap muito grande entre o que ele espera e o que fazem efetivamente as empresas”, ressalta Ricardo Voltolini (foto), jornalista e publisher da revista Ideia Socioambiental, em entrevista ao Mundo do Marketing


As redes sociais, tais como Twitter, Facebook e Orkut, também são grandes canais onde a lógica do ‘comprar excessivamente’ tem sido posta em xeque. Há muitos movimentos pró-consumo nessas ferramentas, mas o que foi observado no dossiê é que também há ações sendo feitas no sentido de despertar um comportamento mais consciente. “Detectamos que o consumo excessivo já não é visto com bons olhos.


As pessoas estão começando a prestar atenção na geração de resíduos e a pensar nas necessidades de realizar ou não uma compra. O mundo pede que sejamos mais rápidos e, com isso, temos de recorrer a alternativas que possam corresponder a essa rapidez. Embora a tecnologia nos ajude, ela também nos induz a uma obsolescência forçada”, diz Luís Bouabci, especialista em rede da MobConsult.


A mobilização via tecnologias tem sido uma tônica nos últimos anos. Um exemplo disso foi o que ocorreu na Espanha, após o atentado na estação de Atocha, em 2004. Vários espanhóis enviaram mensagens via SMS para que todos se reunissem em favor dos mortos. Nessas mensagens, a repetição da palavra “pásalo” (repasse) tornou-se um ícone. O resultado veio dias depois, quando as pessoas se reuniram de maneira espontânea para protestar contra o governo por ter ocultado dados sobre a verdadeira causa do atentado.


Os mobs são uma maneira inteligente, segundo Bouabci, de expandir os conceitos e ajudar na difusão de um pensamento mais consciente de consumo.Além disso, a geração atual, mais ligada na internet e em tecnologias, está crescendo em um ambiente colaborativo. “Troca de dados e mensagens, fóruns e redes de discussão já estão na ordem do dia.


O melhor exemplo disso é o Linux e o Mozilla Firefox. Diferentemente da geração que tem 30, 40 anos, os jovens de hoje estão mais dispostos a compartilhar ideias e trabalhar em conjunto”, conta Bouabci.




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