quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Não somos mainstream


Esse ano tive a oportunidade de conhecer pessoas com o seguinte perfil H/M, AB, 20-35 anos e que, curiosamente (na minha opinião), não dão tanta importância para a internet, Twitter e etc. É engraçado publicar sobre esse assunto agora, já que o Marcos também escreveu a respeito mas de um ponto de vista mais pessoal. E é algo que temos conversado bastante, como engajar pessoas que não tem um relacionamento diário com tecnologia?

Essas pessoas que conheci têm email e o acessam como nós acessamos a nossa caixa do correio no prédio. Semanalmente e pronto. Algumas dessas pessoas estão empregadas e usam o email do trabalho normalmente como todos nós embora deixem o Outlook fechado e abram de vez em quando para ver se chegou algo. Mas sem ansiedade.

Uma dessas pessoas é uma artista. Tem celular. Não tem computador. Acessa a internet ocasionalmente em Lan Houses. Usa SMS e MMS mas não tem um celular de ultima geração. Não tem Twitter. Tem MSN. Acessa o Orkut para se comunicar com seus amigos e saber como eles estão.

Por que estou citando essa experiência? Simples. Porque nós vivemos em um gueto e esquecemos disso. Achamos que todo mundo tem os nossos hábitos. Nós somos parte dos 10% do Twitter que fazem 90% do conteúdo que aparece por lá. Quer mostrar que olha para fora do nosso gueto? Assista a novela, pegue o metrô e o ônibus sem usar um fone de ouvido.


As piadas do Twitter, os memes da internet, os zemayerfacts e etc fazem parte do nosso ambiente de trabalho. Claro que isso roda muito no nosso mercado (de comunicação), reverbera também em outros canais eventualmente e isso faz com que achemos que somos parte do mainstream. Nós não somos o mainstream. Já experimentou falar para o seu porteiro que o elevador quebrado é Fail?

Para não falarem que estou sendo preconceituoso, vou dar outro exemplo. Já experimentaram falar para o seu amigo que acessa o email semanalmente que só de pensar em um chopp já te dá ressaca feelings? Ele provavelmente vai entender o que você falou mas não o porque de você colocar o feelings no final da frase.

São exemplos que remetem a um diálogo do filme “De Volta pro Futuro” quando o Marty McFly fala que algo é “Heavy” e o Doc pergunta se no futuro há algum problema com a gravidade. É falar algo de um universo que outras pessoas não entendem a referência.

Nós vivemos de comunicação. É nossa obrigação viver nessa overdose de informação. É como nos mantemos atualizados, como sabemos o que vai comover o público e etc. E temos que fazer isso mesmo. Cada vez mais temos que nos manter atualizados.

Twitter, blogs e todas as ferramentas mobile são importantíssimas e revolucionárias, estão mudando muita coisa na nossa vida, inclusive a maneira que lidamos com a mídia. Mas é um exagero esperarmos que uma piada do Twitter vire piada nacional se ainda não foi coberta por nenhum veículo da mídia tradicional.

As vezes tenho a impressão de que algumas campanhas são feitas para movimentar o nosso mercado e não para os consumidores. E acho que muitas das vezes é porque estamos presos no nosso dia a dia e não olhamos ao redor.

No primeiro episódio de “Mad Men” (que só comecei a assistir agora. Uma vergonha, eu sei) há uma situação dessas quando o protagonista, Don Draper, tenta empurrar uma campanha de cupons para uma loja de artigos femininos “porque mulheres adoram cupons”. Ignorando o fato de existirem mulheres diferentes.

E aí chego na pergunta chave: como vamos engajar esse público se nós acabamos vivendo em um mundo paralelo? Quais são as maneiras que temos de nos aproximar dessa realidade e não tentar impor a nossa realidade?

Fonte: Brainstorm9.com.br
Blog da Brainstorm9

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