A infância de hoje, que tem o cérebro formatado em bits, não lê e nem nunca ouviu falar em Monteiro Lobato. Com ele, aprendi a refutar a antipatia dos engessamentos da gramática, a tratar a língua como um ente vivo e dinâmico, a encarar a matemática e outros ramos do conhecimento de maneira mais afável e prazerosa. Com Lobato, tornei-me um geninho, aos 8 anos, que conhecia muito da mitologia grega, de tanto ler "Os Doze Trabalhos de Hércules".
Com Lobato aprendi que liberando nossa imaginação podemos desligar várias "chaves" do mundo, tal como a Emília desligou "A Chave do Tamanho". Minha proposta, hoje, aqui, é ajuntar uma turma que me ajude a desligar "A Chave do Computador" e ver o que acontece com a propaganda sem essa muleta eletrônica.
Sei que estou propondo uma utopia, mas apenas como divertimento, enquanto minhas tripas voltam a se reorganizar e o trabalho do bisturi do cirurgião cicatriza.
Imaginar o mundo publicitário sem o computador é divertido.
No passado recente, lá no final de 2008, uma organização canadense lançou o Shutdown Day, ou Dia de Desligar o Computador. O movimento propunha a todas as pessoas do mundo passar um dia inteiro sem ligar o computador. Será que alguém conseguiu? Um percentual muito pequeno. Mas o que aconteceria em uma agência moderna sem computador?
Aliás, a pergunta é bem mais abrangente. O que aconteceria com o domínio da tecnologia sobre o ser humano? Ninguém melhor para responder isso que famoso Isaac Asimov. "Poderia-se, cinicamente, insinuar que isso é ótimo; que a humanidade precisa ser suplantada; que seus antecedentes como guardiã da Terra têm sido simplesmente lamentáveis; e que, na ficha de referências cósmicas, obteve inegável fracasso, e que, portanto, já está na hora de se tentar outras formas de vida. E ainda afirmar... que todos nossos esforços deveriam concentrar-se em substituir a nossa calamitosa espécie o mais depressa possível".
Por Mario Alcantra
Fonte: hoje em midia
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