A polícia dinamarquesa informou na noite deste sábado que 900 pessoas foram detidas durante as manifestações em favor de medidas para proteger o ambiente, que reuniram dezenas de milhares de pessoas em Copenhague, sede da cúpula da ONU sobre as mudanças climáticas.
As autoridades afirmaram que os detidos são na maioria membros dos "Black Blocs", grupos violentos que chamaram a atenção na Cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan, a aliança militar ocidental) em Estrasburgo, no leste da França, em abril.
A capital dinamarquesa recebe desde segunda-feira passada, até 18 de dezembro, delegados de 193 países, encarregados de assinar um acordo sobre as mudanças climáticas que deve entrar em vigor em 1º de janeiro de 2013.
Cerca de 30 mil manifestantes, segundo a polícia, e 100 mil, de acordo com os organizadores, foram às ruas enfrentando o frio no início da tarde.
Do Parlamento, no centro da cidade, o cortejo saiu em direção ao Bella Center, onde está sendo realizada a cúpula sobre o clima.
Centenas de metros após o início da passeata, um grupo de quase 300 manifestantes inteiramente vestidos de preto, munidos com picaretas e martelos, atacou vitrines no percurso, constatou um jornalista da France-Presse no local. Eles foram cercados por 50 policiais antimontins, que os mobilizaram no chão para depois interrogá-los.
Os desordeiros se dispersaram em seguida em pequenos grupos de cinco ou seis para se juntar à passeata, de onde saíam para quebrar vidraças.
"Estamos vigiando os pequenos grupos extremistas", disse antes à France-Presse o porta-voz da polícia, Henrik Jakobsen, enquanto helicópteros das forças de segurança sobrevoavam a manifestação.
O grupo de extrema esquerda "Never Trust a Cop" ("Nunca confie em um policial") convocou uma manifestação anticapitalista no centro da cidade.
A maioria dos manifestantes, vindos de carro e de trem das grandes cidades da Alemanha, de Londres, de Amsterdã e de Milão, era de origem europeia, mas numerosos asiáticos, entre eles chineses e coreanos, estavam presentes, assim como alguns africanos.
A manifestação era acompanhada por dezenas de delegados nas televisões instaladas nos corredores da conferência de Copenhague.
Quase 3.000 pessoas, a maioria vestida de azul claro, realizaram pela manhã um primeiro ato em Copenhague, convocado pelo grupo Amigos da Terra, com o objetvo de formar uma "maré azul" em nome da defesa do ambiente.
Um manifestante fantasiado de Papai Noel dizia com um cartaz que o aquecimento avança duas vezes mais rápido no Ártico: "Meu Rudoph (a rena que o acompanha) não pode mais suportar".
Na sexta-feira, 75 pessoas foram interrogadas e três, duas britânicas e uma francesa, foram expulsas do país.
"Toda semana, ouvimos muitas desculpas da parte dos países do Norte, responsáveis pela crise ecológica", disse Lidy Nacpil, militante filipina da Jubilee South Coalition, em Copenhague. "Hoje, estamos nas ruas para pedir a divisão da dívida ecológica em favor do Sul".
Antiglobalização - Pela primeira vez na história da diplomacia climática, nascida em 1992 com a adoção da Convenção da ONU, o movimento antiglobalização se aproximou das organizações ambientais.
O eurodeputado francês José Bové, símbolo da luta contra a globalização, declarou ter ido a Copenhague "aliar a justiça climática à justiça social": "Hoje, não existe diferença entre o combate ao aquecimento global e a luta por um mundo diferente".
A organização Oxfam mobilizou várias personalidades, entre elas a modelo dinamarqueza Helena Christensen, a cantora Angelique Kidjo e a ex-comissária da ONU para os refugiados Mary Robinson, para falar à multidão.
(Com agência France-Presse)
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